Machado de Assis – Biografia Completa
A Vida e a Obra do Gênio Literário Brasileiro
ESCRITORES BRASILEIROS
Vitor da Silva Soares
8/19/20254 min read


Joaquim Maria Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos grandes nomes da literatura mundial, nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, e faleceu em 29 de setembro de 1908, na mesma cidade. Sua vida e obra representam o triunfo do talento, da inteligência e da sensibilidade sobre as barreiras sociais, raciais e econômicas de sua época.
Infância e Juventude
Machado nasceu em uma família pobre. Seu pai, Francisco José de Assis, era pintor de paredes, filho de escravizados libertos, e sua mãe, Maria Leopoldina Machado de Assis, era lavadeira de origem portuguesa. Ficou órfão de mãe ainda criança e foi criado com dificuldades financeiras, o que o obrigou a trabalhar desde cedo.
De saúde frágil — sofria de epilepsia e gagueira — e com baixa visão, cresceu em um ambiente de precariedade, mas sempre foi autodidata. Não frequentou universidade; sua formação intelectual foi construída por meio de intensa leitura e contato com intelectuais da época.
Trabalhou como aprendiz de tipógrafo e revisor de provas na Tipografia Nacional, onde teve acesso a livros e começou a desenvolver sua paixão pela literatura.
Carreira Literária
Primeiros Passos
Sua estreia literária se deu ainda jovem, em jornais e revistas, publicando poemas, contos e crônicas. Em 1861, lançou seu primeiro livro de poemas, Crisálidas.
Machado transitou por diversos gêneros: foi poeta, contista, dramaturgo, romancista, crítico literário, jornalista e cronista.
Poesia e Teatro
Nos anos iniciais, sua produção poética seguia a estética romântica, mas depois enveredou pelo parnasianismo e simbolismo. No teatro, escreveu peças de comédia, embora este gênero não tenha sido o ponto alto de sua carreira.
Romances – Fase Romântica
Na década de 1870, Machado publicou romances de caráter romântico, como:
Ressurreição (1872)
A Mão e a Luva (1874)
Helena (1876)
Iaiá Garcia (1878)
São obras em que ainda se percebem convenções do romantismo, mas já com indícios de sua futura originalidade.
A Virada Realista – A Maturidade Literária
Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado rompeu com o romantismo e inaugurou o Realismo no Brasil. Essa fase é considerada seu ápice criativo e intelectual, marcada pelo humor ácido, ironia, introspecção psicológica e crítica social.
Principais Obras Realistas
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) – romance narrado por um defunto-autor, que revoluciona a literatura brasileira.
Quincas Borba (1891) – romance que apresenta a filosofia do “Humanitismo”, uma sátira à filosofia e ao positivismo da época.
Dom Casmurro (1899) – sua obra mais célebre, que levanta até hoje o debate sobre a suposta traição de Capitu, personagem que se tornou símbolo da literatura nacional.
Esaú e Jacó (1904) – romance que aborda a rivalidade de dois irmãos, em paralelo à instabilidade política brasileira.
Memorial de Aires (1908) – seu último romance, mais sereno, mas ainda com sutileza crítica.
Além dos romances, destacou-se como mestre do conto, sendo considerado um dos melhores contistas da literatura universal. Obras como Missa do Galo, O Espelho, Uns Braços e O Alienista revelam sua habilidade em explorar a alma humana com ironia e profundidade.
Vida Pessoal
Em 1869, Machado casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, portuguesa culta e irmã de um amigo poeta. O casamento durou 35 anos, até a morte de Carolina em 1904, fato que mergulhou o escritor em profunda tristeza.
Machado não teve filhos. Após a morte da esposa, viveu seus últimos anos em solidão, ainda que cercado pelo prestígio intelectual e pela admiração de seus contemporâneos.
Atuação Intelectual e Política
Em 1897, fundou a Academia Brasileira de Letras (ABL) e tornou-se seu primeiro presidente, cargo que exerceu até sua morte. Sua presença consolidou a ABL como instituição central da vida literária brasileira.
Embora tivesse origens humildes e ascendência negra, Machado raramente se manifestou de forma explícita sobre questões raciais em sua obra, preferindo abordar de maneira indireta temas como desigualdade, poder, hipocrisia social e a condição humana. Ainda assim, sua vida é símbolo de resistência em um Brasil marcado pelo racismo estrutural.
Estilo Literário
Machado de Assis é reconhecido por seu estilo único, caracterizado por:
Ironia e humor sutil
Narradores pouco confiáveis (como Brás Cubas e Bentinho)
Interpelação ao leitor (diálogo direto com quem lê)
Análise psicológica profunda dos personagens
Crítica social disfarçada de anedota
Inovação formal, como o uso de capítulos curtos e fragmentados
Morte
Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer. Sua morte foi lamentada em todo o país, e ele foi sepultado no Cemitério de São João Batista.
Legado
Considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores autores da literatura mundial.
Foi comparado a gigantes como Cervantes, Sterne, Flaubert, Dostoiévski e Shakespeare.
Sua obra permanece atual, estudada em universidades de todo o mundo e traduzida para dezenas de idiomas.
É reconhecido como fundador do realismo psicológico na literatura brasileira.
Sua trajetória pessoal representa a superação das barreiras do racismo e da desigualdade em um Brasil recém-saído da escravidão.
Machado de Assis não apenas escreveu sobre o Brasil, mas também inventou uma forma própria de narrar a alma humana, fazendo dele um clássico universal.






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