Djamila Ribeiro: Filosofia, Feminismo Negro e Escrevivências do Presente
A trajetória de uma intelectual pública brasileira que transformou dor em pensamento, militância em filosofia e se tornou uma das vozes mais influentes no combate ao racismo e ao sexismo.
FILOSOFIA
Vitor da Silva Soares
8/19/20253 min read


Djamila Taís Ribeiro dos Santos, conhecida como Djamila Ribeiro, nasceu em 1º de agosto de 1980, na cidade de Santos (SP). É uma das intelectuais, escritoras e filósofas mais influentes do Brasil contemporâneo, referência em debates sobre feminismo negro, antirracismo, filosofia política e direitos humanos. Sua trajetória é marcada por uma combinação de produção acadêmica, ativismo social e impacto cultural.
Infância e Juventude
Filha de um estivador do Porto de Santos e de uma trabalhadora doméstica, Djamila cresceu em um ambiente de classe trabalhadora, em uma família negra que enfrentava tanto dificuldades materiais quanto o racismo estrutural brasileiro. Ainda assim, foi incentivada a estudar e a buscar na educação um caminho de transformação.
Durante a adolescência, apaixonou-se por filosofia, música e literatura, influenciada por professores e pelo contato com autores como Frantz Fanon, bell hooks e Angela Davis.
Formação Acadêmica
Djamila Ribeiro cursou Filosofia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também concluiu o mestrado em Filosofia Política. Sua dissertação de mestrado analisou o pensamento do filósofo francês Jean-Paul Sartre, especialmente sua teoria da liberdade em diálogo com o racismo.
Ainda durante a universidade, tornou-se uma liderança estudantil, engajando-se em coletivos feministas e movimentos negros. Esse período foi fundamental para a formação de sua visão crítica e para a construção de seu lugar como intelectual pública.
Carreira Intelectual e Literária
Djamila é reconhecida como filósofa, pesquisadora e escritora, mas também como articuladora do pensamento negro feminista no Brasil. Seu trabalho conecta produção acadêmica, ativismo e divulgação cultural.
Em 2016, foi convidada para ser secretária adjunta de Direitos Humanos da cidade de São Paulo, durante a gestão de Fernando Haddad, cargo que ocupou por poucos meses, mas que lhe deu maior projeção pública.
Principais Obras Publicadas
“O que é lugar de fala?” (2017) – livro no qual populariza o conceito de “lugar de fala”, mostrando que todos podem falar, mas nem todos são ouvidos com a mesma legitimidade, por causa das estruturas de opressão.
“Quem tem medo do feminismo negro?” (2018) – reúne artigos e reflexões sobre o feminismo negro, abordando temas como violência, racismo e desigualdade de gênero.
“Pequeno manual antirracista” (2019) – best-seller traduzido para diversos idiomas, apresenta 10 passos práticos para enfrentar o racismo no dia a dia.
“Cartas para minha avó” (2020) – obra de caráter mais íntimo e pessoal, em que resgata memórias familiares e a ancestralidade como fonte de sabedoria.
“Lugar de fala” (edição expandida, 2022) – versão ampliada de sua obra mais conhecida.
Além de suas próprias publicações, Djamila coordena a Coleção Feminismos Plurais, pela Editora Jandaíra, que visa democratizar o acesso ao pensamento crítico com livros curtos, acessíveis e escritos por autores negros e periféricos.
Reconhecimento e Atuação Pública
Foi eleita pela BBC em 2019 como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.
Em 2020, foi considerada pela Revista Forbes uma das mulheres mais poderosas do Brasil.
Também foi homenageada no exterior, com livros traduzidos em países como França, Portugal, Itália e Estados Unidos.
Sua obra tem sido utilizada em escolas e universidades, contribuindo para a inclusão de uma perspectiva decolonial e antirracista no ensino.
Além da produção acadêmica e literária, Djamila é presença constante na mídia, seja em colunas de jornal, podcasts, palestras ou programas de TV. Sua capacidade de traduzir conceitos filosóficos complexos para o público amplo lhe deu o papel de intelectual pública, figura raramente ocupada por mulheres negras no Brasil.
Pensamento e Ativismo
Djamila Ribeiro é uma das vozes mais importantes do feminismo negro no Brasil. Seu pensamento se inspira em autoras como Angela Davis, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e bell hooks, mas também busca criar caminhos próprios.
Seus principais eixos de reflexão são:
Lugar de fala: compreender como a posição social de uma pessoa impacta sua forma de ver o mundo e sua legitimidade no debate público.
Feminismo negro: como ferramenta de luta que articula gênero, raça e classe.
Antirracismo prático: mostrar que combater o racismo não é apenas questão de discurso, mas de ação cotidiana.
Ancestralidade: resgatar a memória e a sabedoria das mulheres negras que a antecederam, como sua mãe e sua avó, reconhecendo que há filosofia também nas vivências populares.
Legado e Influência
Djamila Ribeiro ocupa hoje um lugar de destaque na intelectualidade brasileira e internacional. É responsável por levar ao grande público debates que antes ficavam restritos à academia. Sua obra transformou-se em referência para jovens, educadores e movimentos sociais.
Mais do que filósofa, Djamila tornou-se símbolo de resistência e esperança, mostrando que mulheres negras podem e devem ocupar os espaços de poder, de fala e de pensamento no Brasil.






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